O marido - que podia trair -, não se submetia à traição. Os tribunais abraçavam a causa da "mancha da honra do marido". Houve, à época, uma enquete feita pela equipe do Fantástico, e a população - homens e mulheres - estavam de acordo: o homem pode trair; a mulher, não.
O tempo passou. O divórcio veio, ficou e não demoliu a instituição do casamento. As mulheres, que antes estudavam para casar, passaram a estudar visando a um futuro material, independente da contribuição do marido, que antes era o provedor.Hoje uma mulher de trinta anos é considerada jovem. Nessa idade despontam, afirmam-se. Quem não assistiu o filme De Repente 30, protagonizado por Jennifer Garner, representando uma adolescente que sonha ter trinta anos?
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Admiramos modelos cada vez mais maduros:
A deslumbrante Angelina Jolie tem 37 anos.
Lilia Cabral fará 55 anos em 13 de julho próximo.
A bela Nicole Kidman conta com não menos do que 44 primaveras.
Michelle Pfeiffer já chegou aos 53.
Jennifer Aniston é uma quarentona adorável (43).
Carla Bruni, que tanto frisson causou como a mulher do ora ex-presidente Nicolas Sarkozy, tem nada menos do que 44 anos.
O que dizer de Catherine Zeta Jones (40)?
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A cantora Jennifer López, atualmente com 42, foi mãe novamente aos 38 anos.
Concurso de vovós. O mundo já não é mais o mesmo.
O estigma que marcava os jovens desapareceu. Entretanto, é forçoso constatar que o da velhice ainda está arraigado, como se observa pelo símbolo a ela associado.
A velhice é o resultado do "estar vivo". Se não morrermos na juventude não escaparemos às consequências advindas da idade. O mundo está envelhecendo. A pirâmide que representa as idades, no Brasil, tem mudado, ao longo dos anos.
Se, em 1980, a população pode ser assim representada:
a tendência tem sido a pirâmide se inverter, nos moldes dos países europeus:
Tanto assim que a projeção da pirâmide etária, segundo o IBGE, para 2050, é a seguinte:
Isso é uma coisa boa. Porque demonstra que a taxa de natalidade diminuiu e que a de mortalidade também diminui.
Entretanto, a velhice carrega o estereótipo da degeneração, do doente, do incapaz. Ele é o inverno (a estação improdutiva), o dependente. Essa é a mensagem que os símbolos atuais ligados ao idoso encerram. Não obstante, não correspondem à realidade.
Quantos idosos você conhece que podem ser lidos pelas seguintes imagens?
Porém, os atuais pictogramas transmitem outra informação: a da decrepitude. O velho alquebrado, torto, amparado por uma bengala.
Quantos idosos você conhece que usam bengalas? Quantos deles trajam pijamas durante o dia? Quantas idosas passam o dia a fazer tricô ou crochê e assando biscoitos para os netinhos, que a visitarão nos finais de semana?
Pode-se concluir, pois, que os símbolos utilizados são um ultraje, dado que os idosos, hodiernamente, trabalham, estudam (as faculdades têm registrado ingresso cada vez mais de pessoas de mais idade), dirigem seus carros, frequentam clubes, praticam esportes, lecionam, viajam, buscam novos hobbies, fazem trabalhos voluntários (que sempre desejaram fazem quando em atividade) e, muitas das vezes, são o arrimo financeiro de suas famílias. Quantos idosos estarão lendo, neste momento, este post?
Meu sogro, de 85 anos, mora sozinho, faz compras e cuida de sua vida. Viaja, namora. É independente. Não cozinha. Compra feito.
Corrida. Você pratica esportes?
No salão.
Par perfeito!
Gozando o melhor da vida.
Trabalho. Computadores. Atividade.
É preciso comentar?
Isso é amor. O amor que o jovem busca, obstinadamente.
O jovem ainda é utilizado como modelo valorizado e a imagem do velho está carregado de preconceitos. Será o moço, todavia, velho, se não morrer antes. Não aprenderá com a vida, a menos que aproveite suas lições. Por falar em lições, lembro o comentário de certo professor: "A velhice é a vingança das feias. Um dia, todas serão feias!"
À parte beleza e feiura, ainda que você seja tão bela quanto a moça da primeira imagem, o que temos de certo é que, se não alterarmos os padrões para os atuais símbolos dos idosos, todos seremos um dia vistos como inúteis e alquebrados.
Imagino uma possível substituição dos pictogramas atuais por outros, que denotem um significado com melhor apreciação aos idosos. Algo que demonstre que estão eretos, válidos, acima de falsas concepções. Fica minha sugestão:
É uma pessoa ereta sobre uma pedra, indicando que está acima dos sessenta anos. Basta. Até que o símbolo seja alterado, prepare-se: a idade chega a cada um. Há os que se habilitam somente com creminhos. Há os que investem no crescimento humano.
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Maria da Glória Perez Delgado Sanches
Membro Correspondente da ACLAC – Academia Cabista de Letras, Artes e Ciências de Arraial do Cabo, RJ.
PYRAMID OF AGE, THE PREJUDICE OF CURRENT AND SYMBOLS
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2 comentários:
Que trabalho maravilhoso, Maria!
Os conceitos mudaram ou tem que mudar, porque os idosos trabalham e são até fonte de renda de suas famílias.
Se viram sozinhos, viajam e estão por aí.
Com o tempo, a população vai ficando mais e mais velha e a propaganda só valoriza a juventude e é por isso que fazem tantas cirurgias plásticas e não tem mais respeito pelos mais velhos.
Parabéns!
Cinira Marques
Bom dia, Cinira, e obrigada pelo comentário.
Sua perspectiva sobre o envelhecimento é muito realista.
Realmente, a população envelhece. E até não seria diferente, se alcançamos melhor qualidade de vida.
Não adianta envelhecer cheio de botox e esticado de plásticas se não houver respeito.
Um abraço!
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