Um
dia, recebemos a visita de um engenheiro agrônomo. Não lhe recordo o nome, mas
sua lição ficou gravada.
Estava
eu a plantar, quando ele retrucou: “Está fazendo tudo errado!”
Explicou-me,
então, como se produz uma muda. Suas credenciais o recomendavam: além de sua formação e especialização no lidar com plantas, trabalhava no
INCRA. A lição é óbvia, pois apenas trazemos para a prática do plantio o que
aprendemos nas aulas de biologia.
Minhas
mãos, verdes que eram, pela insistência, tornaram-se mágicas, em função da
técnica.
Podemos produzir mudas,
segundo esta técnica, a partir de plantas que crescem no fomato de árvores, arbustos
ou mesmo de ramadas, como o pé de maracujá (leia, a propósito, MEU
PÉ DE MARACUJÁ OU COMO FAZER MUDAS DE MARACUJAZEIRO).
Os arbustos, de onde se... retiram as mudas, podem ser grandes ou pequenos, e a extração torna desnecessário o plantio por sementes. Isso porque as plantas têm a propriedade de desenvolver células diferentes, segundo a necessidade. Assim, onde seriam desenvolvidas folhas, crescerão raízes.
1. A RETIRADA DO RAMO
Preferencialmente
retire o ramo da planta original com o “olho”: em um puxão firme, para baixo, o ramo
retirado virá com uma espécie de pezinho, originado do local em que nasceu, no
galho principal (Figuras 1 e 2). Esse “olho” tem maiores probabilidades de se
transformar em raiz.
figura 1 |
figura 2 |
No entanto,
se não for possível, corte perpendicularmente o ramo da planta original. Isso
garantirá menor exposição da matriz a invasores.
Depois,
faça um corte longitudinal na nova muda, para que haja maior exposição da
superfície, para a absorção de nutrientes. Observo que, se retirado o ramo de
uma árvore, este não deve ser lenhoso (duro, seco), mas verde.
figura 3 |
2.
RETIRADA DAS FOLHAS E DA PONTEIRA
Ainda
utilizando-se das propriedades transformadoras das plantas, retire as folhas e brotinhos inferiores e corte a ponta superior. Em geral, apenas com uma desbastada com a mão, em sentido contrário ao crescimento da folhagem é suficiente (segure o galho e escorregue a mão para baixo). Por quê?
Lembra-se
das aulas de biologia? As plantas produzem hormônio de crescimento nas
extremidades (e em pequena quantidade, no seu todo - caule e galhos). É por isso
que, quando entalhamos um coração no tronco de uma árvore – já fez isso antes?
- , depois de dez ou vinte anos ele estará lá, no mesmo lugar, ainda que ela
tenha crescido muitos metros e alargado o seu tanto.
Isso
explica o corte da ponteira e também das folhas supérfluas: ao se fazer uma
muda, devemos concentrar a energia da planta na raiz. Retirando a ponta,
resolvemos a questão dos hormônios; com menos folhas, a energia não se
dissipará: estará concentrada para a produção de raízes.
Existe
outra razão para a retirada das folhas. Observe a figura 4: em cada nó, onde
cresciam folhas, a planta desenvolverá raízes. Por esse motivo, quantos mais
nós forem enterrados, melhores chances terá de sucesso. Não é preciso exagerar:
três a cinco nós são o bastante.
figura 4 |
Nas figuras 5 e 6
podem ser observadas as mudas prontas. Um detalhe que esqueci de fotografar:
recomenda-se cortar (com uma tesoura) as folhas restantes – deixe-as com
aproximadamente metade a dois terços do tamanho original. Às vezes, corto,
outras, não, vez que não é preponderante para a eficiência do plantio.
O costume de plantar
tornou-se parte de mim – independentemente de onde eu viva. Entretanto, nem
sempre tenho à mão uma tesoura. Mas as mudas... essas estão à disposição.
Registro, apenas para conhecimento, dado que não o utilizo: existe à venda hormônio para o desenvolvimento de plantas, que pode ser pincelado na muda, na parte que será enterrada.
Uma última dica: há plantas que preferem solos arenosos; outras, calcáreo; algumas, solo ácido; há as que apreciam grande quantidade de sol; outras, apenas luz indireta; as que vivem melhor em solo encharcado; há aquelas que admitem pouca irrigação.
Não é preciso ser um estudioso para adivinhar o que é o melhor para as plantas.
Em primeiro lugar, observo se a planta matriz é viçosa e o lugar onde ela cresce. Por via das dúvidas, produzo em geral três mudas, que planto em locais diversos: uma mais exposta (maior insolação), outra perto de um muro (mais acidez) e a terceira, onde entender melhor. Ao menos uma das três vingará.
figura 5 |
figura 6 |
Aprendi, enfim, que não existe "mão boa" ou "mão podre" para plantar. Existe, sim, técnica, fundamentada no conhecimento, na intuição e na experiência.
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comentar ou criticar.
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Maria da Gloria Perez Delgado
Sanches
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