Bravio, sereno, imenso.
Mar que ruge, amedronta.
Mar que chama,
Que encanta, canta,
Inflama, apaixona.
Mar.
Nadar, nadar, nadar e nada.
Jovem e inexperiente das águas, por duas vezes quase o mar me venceu, levada pela corrente.
Nas duas vezes, depois de nadar, com muito esforço, vi-me cada vez mais afastada da orla. Inútil, exaurida e impotente.
Quando não há nada mais, já se foi, não mais se é, porque quase não há mais esperanças - a costa, longe, as forças, vãs - existe a paz.
Uma paz infinita me invadiu, nas duas vezes vencida. Porque tudo está perdido, a resposta pode estar em uma solução simples, que é ainda uma escolha. Na paz há consciência, há plenitude.
Falei para mim mesma: "Não adianta me desesperar. Só o desespero me põe a perder. O que fazer? Me acalmar. Calma. Calma. Mudar o rumo. Nadar devagar ou terei câimbras. Para onde? Para outra direção. Em diagonal. Devagar. Com calma. Boiar, se preciso."
Foram experiências únicas, de vencer a natureza, conhecê-la e me conhecer.
De saber que posso, em uma situação de extrema dificuldade, encontrar harmonia e paz em mim mesma. Porque se não há mais escolhas, a resposta já está dada. E que se há uma chance, uma única chance de se vencer a situação difícil, ela somente pode ser encontrada no equilíbrio.
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Maria da
Glória Perez Delgado Sanches
Membro Correspondente da ACLAC –
Academia Cabista de Letras, Artes e Ciências de Arraial do Cabo, RJ.
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