Na "volta à civilização", em 2003, uma imprudência: eu e meu marido saíamos da padaria e nosso carro raspou a porta do automóvel vizinho. Nenhuma câmara, nenhuma testemunha. Com pressa, prendemos um cartão no limpador de para-brisas, no qual anotamos um pequeno recado: pedimos desculpas e que fôssemos contatados. Prejuízo: R$ 500,00.
Em um estacionamento fechado, outro motorista "rala" o veículo a seu lado. Também não há registro ou testemunhas do acontecido. O dono do estabelecimento assumiu o pagamento de metade do valor orçado e da outra parte encarregaram-se a dona do automóvel envolvido no acidente e seu filho. Detalhe: moram a quilômetros de distância, no belo município de Ilhabela. A princípio, nada ligaria o autor ao ilícito.
É comum causar prejuízo a terceiros e não assumir a responsabilidade. A despeito do comportamento individual reprovável - e generalizado -, reclamamos da impunidade: de políticos, de terceiros, do vizinho. Não percebemos nosso telhado, que é tão fraquinho. Uma casca de ovo.
Tudo o que fazemos voltar-se-á contra nós ou a nosso favor. Não é afirmar que "os bons vencerão" ou crer em histórias da carochinha. Seria hipocrisia. É apenas a lei de causa e efeito. Em tudo há equilíbrio e nós tentamos não enxergá-lo. A natureza é equilíbrio. Protestamos contra o excesso de frio ou de calor, porque a terra não mais produz, o ar tornou-se irrespirável e a chuva, ácida. Esquecemos que a natureza age segundo o princípio da causalidade. E que integramos a natureza. Tudo é um.
Se não houver testemunhas do ato ilícito, você reconhece seu erro e assume a culpa?
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Maria da
Glória Perez Delgado Sanches
Membro Correspondente da ACLAC –
Academia Cabista de Letras, Artes e Ciências de Arraial do Cabo, RJ.