Houve um tempo em que você foi a mãe: o ninho que abriga; o colo que agasalha, aquela que protegia; aquela que decidia a querela entre os filhos; a quem se recorria para resolver um problema.
De mãe se fez irmã: colega, de significado irmão. Você foi mais. Amiga, companheira, confidente. Aquela com quem se pode contar, nos momentos de precisão. Presente, parceira, pronta.
A vida é feita de fases, que se sucedem. Hoje, sentimo-nos seus pais: aqueles que a querem, com o amor próprio e egoísta dos pais, mantê-la perto, sabê-la conosco, bem, feliz. Dói ver os filhos partirem.
A felicidade
ou a amizade, no entanto, independem da proximidade. Você, esteja onde estiver,
terá sempre um lugar especial em nossos corações. Que palpitam mais fortes pela
expectativa da distância física, agora viva, certa, que bate à porta.
Como pais, sabemos que os filhos um dia ganham asas, têm sonhos e planos. Nosso amor, egoísta que é, grita: “Fica!”
Você tem planos. Neste momento, tolhê-la seria castrá-la, livrá-la do arbítrio, de uma felicidade para a qual não podemos contribuir, senão deixando-a livre.
Estude
javanês, toque piano – ou violão? -, brinque com a Gabriela, compre em todas as
lojas do shopping. Lance o relógio à parede. Vá viajar. Dê muitas festas. Mas
não se esqueça de nos convidar.