Há muitos
anos, visitei-a e não me encantei.
Não lhe senti
o charme, o sabor que hoje sinto. É pena.
Há pouco,
tornei a encontrá-la e me apaixonei.
Itanhaém:
litoral ou interior?
Disse-me um
morador: “Cidade do interior com praia.”
Estava certo.
E a praia?
De águas
limpas, em geral, desertas (ou quase)
- e por isso mesmo limpas -
Mais habitadas pela fauna do que por gente.
Areia cinza, nem grossa nem fina
Acolhe a verdura que se lhe estende: gigante tapete.
- e por isso mesmo limpas -
Mais habitadas pela fauna do que por gente.
Areia cinza, nem grossa nem fina
Acolhe a verdura que se lhe estende: gigante tapete.
Observo a imensidão. Avisto aqui, acolá, um transeunte.
Devagar, ao longe. Sem pressa.
Vê também?
Terrenos
grandes, de fartos verdes, abrigam construções detalhadas,
Com
carinho pensadas.
São chácaras,
a guardar redes e bancos, balanços, pomar de fruteiras, horta e jardim.
Maracujá, dá bem, mamão, também.
Maracujá, dá bem, mamão, também.
E coqueiros, pois não?
Porque praia sem coqueiro não tem.
Porque praia sem coqueiro não tem.
De desavisado basta um em meio ao mar.
Aqui, o posto do corpo de bombeiros: sempre haverá a quem salvar.
Conheci o pescador. Voluntarioso, não se sabe quando – e se – vai ao mar.
Estará para
peixe?
Na volta, a
festa: todos vendidos àqueles que souberam esperar,
Mesmo o
dentado por tubarão, meio comido, serve à comida.
Da rede à sacola (que o cliente traz), um lapso, um piscar:
O aguardo das escamas tirar.
Da rede à sacola (que o cliente traz), um lapso, um piscar:
O aguardo das escamas tirar.
Meu primeiro
contato com um quero-quero.
Almejo fotografá-lo. Dois passos dou, ele vai além.
Almejo fotografá-lo. Dois passos dou, ele vai além.
Mais uma passada, câmera lenta.
Devagar, se vai o bichinho.
Brinca comigo, arisco.
Guarda distância, seguro.
Seja.
Brinca comigo, arisco.
Guarda distância, seguro.
Seja.
Em cima do
monte, a guardar o ninho.
"Afaste-se!", brada, no vocabulário gritante.
Bem-te-vi,
sabiá, joão de barro, tico-tico
Muito pão jogo no gramado.
Muito pão jogo no gramado.
Corujinhas
encaradeiras, olhos saltados
De uma me
aproximo, o mais que posso.
Um pé, outro. Tem medo.
Espanta-o.
Encara o perigo: eu.
Faz-se grande, pensa-se gigante.
Abre asas, eriça penas, planta os pezinhos.
Susto. Dela. Meu.
Um pé, outro. Tem medo.
Espanta-o.
Encara o perigo: eu.
Faz-se grande, pensa-se gigante.
Abre asas, eriça penas, planta os pezinhos.
Susto. Dela. Meu.
Azuis,
verdes, amarelas.
Uma,
belíssima, vermelho-fogo,
Casaquinho preto
nas asas: quem é?
Esta, rabo crescido, equilibra-se, cai-não-cai (ou voa-não-voa),
Esta, rabo crescido, equilibra-se, cai-não-cai (ou voa-não-voa),
Rios que a
cortam, repletos de peixes:
Grandes,
pequenos, ao sabor de quem os queira pescar.
E siris e caranguejos, se vai bem ao paladar.
E siris e caranguejos, se vai bem ao paladar.
Gaivotas,
uma, duas, em cada poste, a observar.
Interior ou
litoral?
Segundo a
Justiça do Trabalho,
A 2ª Região
abrange a Grande São Paulo e a Baixada Santista;
A 15ª Região,
o interior e o litoral, de Mongaguá em direção ao sul
(Direito, sempre o Direito).
(Direito, sempre o Direito).
Confirma o
dito: “Cidade do interior, com praia.”
Há quem
procure mais “agito”, esportes radicais.
Tem.
Tem centro, restaurantes, comércio e tudo o mais.
Tem ainda uma praia, linda, linda,
Tem centro, restaurantes, comércio e tudo o mais.
Tem ainda uma praia, linda, linda,
Forrada de
conchas, de mirante nas pedras de quebra-mar.
Trago a foto
de outra feita, esta não tenho.
E mais praias de pedras, com história e invenção
De Anchieta, de amor, de sonho e tradição.
E mais praias de pedras, com história e invenção
De Anchieta, de amor, de sonho e tradição.
É noite. A harmonia toma conta dos ares.
Pio de corujas, sussurro do vento.
Silêncio que se pode ouvir, palpar.
Silêncio que se pode ouvir, palpar.
Tudo é perfeito?
Não. Como é hábito, governantes privilegiam festas
Contratam artistas - armam circo -
Contratam artistas - armam circo -
Ao invés das verbas ao necessário.
Há, pois, rodeio, carnaval e aniversário.
Chega gente, fica lixo,
Chega gente, fica lixo,
Falta muito.
De calçada a tratamento das águas que já se usou.
E vem chuva e tudo empoça.
Carro fica, tudo fica, bicicleta vai embora
Porque, sem motor, não se atola.
Quem vem então não sabe da cidade
Não vê arrabalde, sai desconhecendo.
Cantou, dançou e se esqueceu
De que somente se deve deixar lembranças e pegadas,
Levar? Só saudades.
Fala mansa, mansos costumes, o tempo é eterno.
Isso é interior.
De calçada a tratamento das águas que já se usou.
E vem chuva e tudo empoça.
Carro fica, tudo fica, bicicleta vai embora
Porque, sem motor, não se atola.
Quem vem então não sabe da cidade
Não vê arrabalde, sai desconhecendo.
Cantou, dançou e se esqueceu
De que somente se deve deixar lembranças e pegadas,
Levar? Só saudades.
Fala mansa, mansos costumes, o tempo é eterno.
Isso é interior.
E a praia?
Logo ali.
Vazia. Esperando-me.
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Maria da Glória Perez Delgado Sanches
Membro Correspondente da ACLAC –
Academia Cabista de Letras, Artes e Ciências de Arraial do Cabo, RJ.
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