Consultório médico não é lugar
apenas para que se façam consultas agendadas. Presta-se, também, a esclarecer
dúvidas, dissipar preconceitos e crendices arraigadas pelo costume familiar.
Já que
o profissional estava lá, anotava em um caderninho minhas dúvidas, ou deixava
que a conversa fluísse.
Pergunta
vai, resposta vem e a certa altura o doutor comenta que a medicina, às vezes, é
menos eficiente do que as crendices. Exemplo é a verruga.
A
medicina pode removê-las, com cirurgias ou ácidos. Ficam, entretanto, as
marcas, indeléveis. Por outro lado, se você fizer uma simpatia, a excrescência
sai, sem deixar qualquer vestígio. Porém, é preciso acreditar. E isso é um
mistérios para a medicina.
Conheço
várias simpatias para tirar verrugas: esfregar um pedaço de toucinho ou
torresmo e abandoná-lo,
perto de um formigueiro, por exemplo. Depois de deitar
o bacon, vire-se de costas e não olhe para trás. Quando o bacon tiver sido
devorado pelas formigas, a verruga desaparecerá. O sinal não sai por causa
do toucinho ou em função das formigas, mas porque você crê. E acreditar em
simpatias sempre foi um problema para mim.
Existem
outras, tão comuns e conhecidas como a que citei, como cobrir a verruga com um
pequeno esparadrapo e pingar água benta sobre o curativo, todos os dias. Ao
final de onze dias, a verruga terá desaparecido. A da cebola: basta esfregar a
seiva de um pedaço de cebola todos os dias, até que a verruga desapareça. E
ainda a do osso, tão simples: passe um osso (qualquer osso, velho ou novo),
pela verruga, por três vezes e jogue-o para trás, sem se virar. Pronto. Em
poucos dias, estará livre da protuberância inconveniente.
Há quem
acredite que a aplicação de leite da casca de mamão verde, alho, celidônia (a
planta andorinha) ou óleo de malaleuca possuem substâncias que podem eliminar
verrugas. Para mim, são tão eficazes quanto as simpatias.
Simpatia por simpatia, se o que
conta não é o que se faz, mas o credo, invente a sua: cubra a malvada com
esferográfica, passe as costas de uma colher, diga à verruga para ir embora.
Tive uma ou outra nos dedos das
mãos. Não fiz nenhuma simpatia. Talvez tenha brigado com elas. Sumiram.
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Maria da Glória
Perez Delgado Sanches
Membro Correspondente da ACLAC – Academia Cabista
de Letras, Artes e Ciências de Arraial do Cabo, RJ.
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