Claro, defendia ele uma cliente condenada, em primeira instância, por danos morais, em caso de homofobia.
- Chamar de veado é xingar? Fala, você chamar alguém de veado é xingar?
O jargão foi repetido pelas salas e corredores, para si mesmo e a quem encontrasse pelo caminho.
Até que no caminho estava eu.
Se o camarada foi simplesmente ignorado por tantos quantos ouviram, comigo a coisa foi diferente:
- Depende. Chamar de preto pode ou não ser xingamento.
Pronto. Dei corda para que ele desenvolvesse sua arenga. E eu, a minha.
- Se o sujeito é veado, não é xingar. Imagina! (risos altos) Se é veado!
- Se chamo um negão de negão, pode ser xingar.
- Veado é uma anomalia! Deus fez o homem e a mulher, dois sexos, só dois. Veado é coisa de doente. Doença! Deveria se tratar. É para ser internado, medicado, tratado.
- Não coloque Deus no meio. Deus criou o ser humano, se quer assim. Mas o homossexualismo existe entre os animais, na natureza - Eu sei que ele sabe isso.
- Depois que a Globo veio com veados em novelas, todo mundo quer defender os bichas. Agora é moda.
- Quando minha filha tinha dez anos, muuuuuito antes de a Globo vir com os gays em novelas - muito mesmo -, falei pra ela que podia levar para casa um namorado ou namorada. Para mim, tanto fazia - e tanto faz. Repeti isso por anos, tanto que ela chegou a pensar que eu preferia que fosse lésbica, o que não é verdade. Não prefiro nada. Mas há vantagens na homossexualidade, como escolher quando se vai ter filho - se vai ter -, e gastar com viagens e educação.
- Duas mulheres! Daí nem dá sexo. (risos, risos, risos) Que piada!
- Claro que dá. É usar a imaginação.
- Ah! Você é muito evoluída pro meu gosto. Sem chance!
- O que importa é ser feliz, doutor, não interessa a opção. Ah! Não importa o que fizer, vai ter um filho ou neto veado, com certeza. É esperar e ver. A coisa vai evoluindo e o sexo das pessoas é cada vez mais irrelevante.
- Deserdo. Ponho pra fora de casa. Credo!
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Meu pai:
- Não está namorando, saindo com alguém?
- Não, com ninguém.
Insiste. E conclui:
- Você não é lésbica?
- Quem sabe, sou.
Falei mais para desafiar, para por um ponto final no assunto (no momento) e para, paradoxalmente, abrir uma questão.
O fato é que pensei muito sobre isso, com o passar dos anos, a partir do diálogo com meu pai.
Eu não tenho um rótulo na testa. Não sou heterossexual nem homossexual, apenas tive relações heterossexuais em minha vida, o que é diferente.
Você pode ser um homem que se relacione apenas com mulheres em sua vida e, no fundo - quem sabe -, gostaria de ter relações homo.
É o que acontece, em geral, com aqueles que atacam ardorosamente o homossexualismo (devolvendo, com gosto). Pergunte pro Freud. Ele responde.
Não me apaixonei - que eu saiba - por mulheres, o que não significa que seria impossível. Talvez por comodidade, por conveniência, minha "escolha" tenha sido a heterossexualidade. Ou por falta de oportunidade, vez que não era "moda" há alguns anos.
Porém, defendo - e defendi, por anos -, a tese de que no futuro nós nos apaixonaremos - e nos relacionaremos amorosamente - por (e com) homens e mulheres, indiferentemente do sexo.
Se a questão do provedor - o mantenedor da casa -, não é importante, tampouco a do controle da natalidade - se se pode escolher quando e se o casal terá filhos -, o sexo dos envolvidos é irrelevante. Ou não?
No futuro - acredito com o coração -, nós nos apaixonaremos por pessoas, por seres humanos, pelo interior, pela beleza, dignidade, pelas características próprias (defeitos e qualidades) da pessoa objeto de nosso amor, não por um órgão que (risos) seja capaz de proporcionar prazer.
O tempo passa. Se a coisa não funcionar direito, acaba o amor? Por favor!
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Muitos foram resistentes a essa tese, mas hoje (talvez mesmo por influência da Rede Globo) o pensamento das pessoas venha mudando. Tanto assim que, quando falei sobre o assunto com a Ágatha (nossa estagiária), ela concordou com tudo.
Falando, pensava "O que a mãe dela pode imaginar? Que eu sou uma pervertida?"
Não. A mãe da garota é cabeça aberta; já havia falado com ela sobre o assunto - talvez, comentando a relação do casal Félix e Niko, em Amor à Vida*.
(*) Não assisto novelas, não gosto (É uma amarração danada com finalidade nenhuma). Mas o Félix era tão comentado, em todo lugar, que um dia o procurei. Gostei e assisti outro capítulo. E outro, e outro. Torci por ele, até que "o amor venceu".
Entretanto, a coisa não é tão assim uma Brastemp.
A irmã de uma pessoa muito querida (da qual não vou dar mais detalhes) revelou à mãe - evangélica e religiosa (nada contra os evangélicos e religiosos) - que a melhor amiga, que dormia em casa e na casa da qual também dormia, era sua namorada. E que a mãe da menina aceitava tudo na boa.
Foi o fim! A amiga se transformou, em segundos, no diabo que queria corromper a filha. Tolice!
Se tiver que ser, será. Não adianta ser do contra, ainda mais com adolescentes.
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Nos formulários e relatórios, ninguém vai perguntar se aquele que preenche é "homem" ou "mulher", porque o sexo não vai ser importante para o papel que as pessoas vão desempenhar profissionalmente, no lazer, em hobbies, porque não haverá separação das funções por conta do sexo.
O advogado? Perdeu o recurso, é lógico! O discurso inflamado, cheio de preconceito e ódio foi levado adiante. E continuará, até que ele se conforme. O tempo ensina.
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Maria da Gloria Perez Delgado Sanches
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